AOS GUARDIÕES DO TEATRO (INFANTIL) ou CONTRA O BULLYING DA CRÍTICA
Esta semana recebemos uma crítica da senhora Mônica Rodrigues da Costa – enviada da Folha de São Paulo – que assina como crítica deste jornal. Não satisfeita em reduzir nosso trabalho, nos presenteou com leviandade e moralismo, com a cotação –REGULAR.Gostaria de esclarecer aos leitores do jornal e à própria crítica alguns pontos que considero importantes: Fomos condenados por tratar de assuntos relevantes com humor e ironia – assim como foi feito nos tempos idos da idade média, quando a igreja, em plena inquisição, queimou verdadeiras obras e tratados filosóficos sobre a comédia, para bani-la do alcance dos homens, pra que eles não pudessem usufruir de seus benefícios e vivessem em martírio, medo, ignorância e obediência. Fomos condenados por ignorar as “emoções sutis”. Pois eu digo, Mônica, tir e a venda de seus olhos, mulher. Atente-se à percepção sutil das emoções... elas estão todas lá, por exemplo, no encontro do menino com um adulto que mostra a Thomas que os adultos podem escolher viver a vida de forma prazerosa e responsável; na cumplicidade que ele passa a ter com a mãe e na solidariedade que desenvolve pelo pai. Na forma afirmativa com que o menino se coloca diante de seus colegas e professores, em época de bullying em escolas , prédios, condomínios etc... No rito de passagem que ele cumpre, ao longo dessa ficção cheia dos melhores valores. O livro de onde extraímos essa história é um conto contemporâneo de fadas. Fadas são seres que povoam nosso imaginário – seres h� �bridos, com asas e poderes mágicos...Com poder de mudar de aparência e de serem visíveis ou invisíveis... Fadas são encantadoras, menos por suas formas e mais por seu ofício – realizar encantamentos...encantar - v. tr. – 1. Proceder ao encantamento de; 2. Fig. Maravilhar, seduzir, enlevar, agradar muito a. v. pron. – 3. Tomar-se de encanto; 4. Maravilhar-se; 5. Extasiar-se. Não há, portanto, uma forma pré-definida para realizá-la. E mesmo que houvesse, somos artistas pensando nosso mundo e tempo o tempo todo e podemos fazer o teatro que acharmos importante, da forma como acharmos importante. Essa cartilha não nos interessa. Escolhemos, conscientemente, delegar este papel a um ator – Carlos Baldim, aliás, em excelência no papel de FADA GORDA –, e tratá-lo de forma sincera e honesta, para o bem da relação que estabeleceríamos com a plat� �ia – infantil e adulta. E fizemos essa escolha de forma tranqüila, porque afinal de contas, nosso protagonista seria vivido por uma atriz – Paula Arruda – e porque não somos um grupo de artistas moralistas e retrógrados. E porque nosso ofício nos permite sermos homens e mulheres e fadas e ogros... Isso, desde priscas eras no teatro.Mas ainda assim, pergunte às crianças no final do espetáculo, se elas se encantaram pela nossa “fada gorda”. Deixe-as responder. Uma criança de 10 anos, num espetáculo de sábado, a chamou de “fada Dzi Croquette”.Como diretora desse trabalho, não poderia ter ouvido elogio maior.Elogio à loucura, à entrega, à paixão, à arte!A crítica ficou tão aterrorizada pela questão da fada, que esqueceu-se de perceber o universo vasto que envolve esse trabalho, além de nossas escolhas artístico-filosóficas. Nosso imaginário proposto envolve toda uma linguagem de vídeo e eletrônica, com captaç ão de imagens em tempo real e um deliberado golpe de vista que aplicamos na platéia, de forma lúdica e instigante – toda uma discussão sobre o que se vê, o que é real, o que não é – isso talvez ampliasse sua visão sobre a fada... Uma equipe de 3 pessoas – Rafael, Felipe e Paula – operando equipamentos e programas avançados de tecnologia visual.A trilha sonora originalmente composta por Daniel Maia pra este trabalho, que pontua cada personagem, no melhor estilo Sergei Prokofiev, e potencializa poeticamente a trajetória do nosso herói. Os figurinos e cenário de Cássio Brasil, que dimensionam humanamente cada personagem dessa história, aproximando-os do universo do público. A iluminação desenhada por Vinícius de Andrade, nos coloca nos ambientes emocionais desse universo.A poesia está em tudo isso! Na inteligência com que o público sorve nosso espetáculo. Tudo isso É POESIA! Tudo isso, esta crítica desprezou. Tudo isso é um trabalho que ela considerou REGULAR.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
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