Gostaria de deixar o meu protesto pela cotação "regular", à Peça Pelos Ares, feita pela crítica Monica Rodrigues da Costa.
Já na estréia levei meus quatro netos, Lais (5 anos), Doda (6 anos), Calu (5 anos) e Clara (3 anos); devo dizer que eles simplesmente adoraram a peça. Até hoje se lembram do Thomas Máximo (e olha que este nome não é nada fácil) e do encantamento que exerceu na platéia infantil. Várias vezes presenciei a brincadeira deles fingindo voar , deitados no chão, de braços abertos como o personagem!
Acho importante que os adultos se atentem ao mundo e imaginação das crianças para realmente avaliar o alcance que uma peça possa ter no universo mental dos pequenos. Os adultos sim, na maior parte das vezes vão assistir ao espetáculo já com idéias prontas sobre o que é bom ou não, com pouca abertura a inovações e sonhos, e consequentemente não captam a mensagem do autor e dos atores....
Atenciosamente
Maria Zoé Camargo de Arruda Penteado - 59 anos
Assessora da Presidência da Assembléia Legislativa do Est. S.P
R. Murajuba, 450 - Alto de Pinheiros
Tel: 3886- 6375 (c)
terça-feira, 3 de agosto de 2010
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
mais uma resposta
Estrelas, para que te quero?
No dia 30 de julho li o texto crítico de Mônica Rodrigues da Costa para a peça “Pelos Ares” e, com olhos incrédulos, cheguei a uma conclusão: ela não assistiu, de fato, à peça.
Comecemos pelo seu primeiro apontamento: “O assunto é propício para ser discutido com o público infantil, mas a peça exagera na comédia e sua principal mensagem se dispersa”. O que ela quer dizer com isso? Que assuntos sérios para crianças só devem ser tratados com seriedade? A comicidade, pelo pouco que entendo de arte, é um potente detonador da reflexão. Só rimos daquilo que identificamos. E a partir do momento que nos identificamos com algo, passamos a comparar, questionar e, portanto, refletir.
Além disso, diz a crítica que “As emoções sutis são ignoradas, e que se sobressai na maioria das cenas é a concepção clichê dos personagens”. Só pra citar: o que dizer da cena em cima de um prédio (esta imagem por si só já é emocionante!) entre o adulto que sabe voar e o protagonista, na qual aquele ensina a este que podemos optar por caminhos diferentes? Ser pintor e não ser bancário, optar por não ter filhos, perder a esposa e ainda assim não perder a vontade de “voar”, ou seja, de viver. O texto e a encenação escancaram de maneira poética questões primais dos seres humanos. “Ser ou não ser”!
Quanto à afirmação de que a “concepção dos personagens é clichê”, fica patente pelo texto que a autora confunde os conceitos de clichê, estereótipo e caricatura. Clichê significa o obvio, a vala-comum. Estereótipo significa classificar, positiva ou negativamente, um determinado tipo de pessoa ou grupo a partir de padrões preconcebidos. O estereótipo da “loira burra”, por exemplo. Caricatura significa exagerar. Quem assistiu à peça percebe que os atores optaram pela caricatura, recurso artístico normalmente usado para extrair humor. Mas, que não optaram pelo estereótipo e muito menos pelo clichê. Peguemos o exemplo citado no texto, a Fada. Quando pensamos em uma fada, que imagem nos vem à cabeça? Um bela, magra, loira e meiga mulher. Na peça é representada por um ator barbudo, que fala grosso e fala fino, que desfila com classe e tem flatulências. Me pergunto: onde está o clichê? É justamente o oposto! Bom, ainda restaria uma pergunta: onde está o estereótipo? Poderíamos pensar que o ator cheio de maneirismos e trejeitos faria uma fada travesti. Mas quem vê a peça percebe que o ator não cai nessa armadilha. Ele brinca o tempo todo com essa dualidade de ser meio homem, meio mulher. Fica clara a opção da direção ao fazer uma contraposição entre a interpretação realista do menino Thomas e a representação caricata dos demais personagens. E fazer esse contraste ajuda a elucidar os conflitos que o texto teatral trás.
Cabe ainda um último ponto. Diz a crítica que “... a presença da fada para solucionar a intolerância, não funciona nesse contexto”. Aqui, fica mais nítido ainda que a autora da crítica não assistiu, de fato, ao espetáculo. A fada em nenhum momento surge com a pretensão de solucionar a problemática da peça. Muito pelo contrário, ela traz o conflito à tona no momento em que larga na mão do pequeno Thomas a dom de voar e simplesmente vai embora. A função dramática dessa fada é o contrário do que seria, normalmente, a função de uma fada comum, qual seja, ajudar a resolver o problema. E é exatamente por ser uma fada subversiva que se justifica a opção de colocar um ator homem no papel da fada. A fada desta peça não surge para encantar, surge para subverter.
O que parece é que a crítica falou sobre aquilo que ela gostaria de ter visto e não sobre aquilo que ela realmente viu. Se é que viu.
Por fim, fica aqui o meu pedido. O jornal tem todo direito de avaliar e expressar a sua opinião sobre um determinado trabalho, porém, que o faça com profissionais competentes para tanto e sem a necessidade das estrelinhas. Faça a crítica, publique com foto, mas não rotule uma obra com estrelinhas, pois isso é um julgamento subjetivo que muitas vezes não traduz o que de fato é o trabalho. O jornalista pode influenciar diretamente no andamento do mesmo, formando uma opinião muitas vezes errônea ou pautada somente em seu entendimento subjetivo sobre a obra.
No dia 30 de julho li o texto crítico de Mônica Rodrigues da Costa para a peça “Pelos Ares” e, com olhos incrédulos, cheguei a uma conclusão: ela não assistiu, de fato, à peça.
Comecemos pelo seu primeiro apontamento: “O assunto é propício para ser discutido com o público infantil, mas a peça exagera na comédia e sua principal mensagem se dispersa”. O que ela quer dizer com isso? Que assuntos sérios para crianças só devem ser tratados com seriedade? A comicidade, pelo pouco que entendo de arte, é um potente detonador da reflexão. Só rimos daquilo que identificamos. E a partir do momento que nos identificamos com algo, passamos a comparar, questionar e, portanto, refletir.
Além disso, diz a crítica que “As emoções sutis são ignoradas, e que se sobressai na maioria das cenas é a concepção clichê dos personagens”. Só pra citar: o que dizer da cena em cima de um prédio (esta imagem por si só já é emocionante!) entre o adulto que sabe voar e o protagonista, na qual aquele ensina a este que podemos optar por caminhos diferentes? Ser pintor e não ser bancário, optar por não ter filhos, perder a esposa e ainda assim não perder a vontade de “voar”, ou seja, de viver. O texto e a encenação escancaram de maneira poética questões primais dos seres humanos. “Ser ou não ser”!
Quanto à afirmação de que a “concepção dos personagens é clichê”, fica patente pelo texto que a autora confunde os conceitos de clichê, estereótipo e caricatura. Clichê significa o obvio, a vala-comum. Estereótipo significa classificar, positiva ou negativamente, um determinado tipo de pessoa ou grupo a partir de padrões preconcebidos. O estereótipo da “loira burra”, por exemplo. Caricatura significa exagerar. Quem assistiu à peça percebe que os atores optaram pela caricatura, recurso artístico normalmente usado para extrair humor. Mas, que não optaram pelo estereótipo e muito menos pelo clichê. Peguemos o exemplo citado no texto, a Fada. Quando pensamos em uma fada, que imagem nos vem à cabeça? Um bela, magra, loira e meiga mulher. Na peça é representada por um ator barbudo, que fala grosso e fala fino, que desfila com classe e tem flatulências. Me pergunto: onde está o clichê? É justamente o oposto! Bom, ainda restaria uma pergunta: onde está o estereótipo? Poderíamos pensar que o ator cheio de maneirismos e trejeitos faria uma fada travesti. Mas quem vê a peça percebe que o ator não cai nessa armadilha. Ele brinca o tempo todo com essa dualidade de ser meio homem, meio mulher. Fica clara a opção da direção ao fazer uma contraposição entre a interpretação realista do menino Thomas e a representação caricata dos demais personagens. E fazer esse contraste ajuda a elucidar os conflitos que o texto teatral trás.
Cabe ainda um último ponto. Diz a crítica que “... a presença da fada para solucionar a intolerância, não funciona nesse contexto”. Aqui, fica mais nítido ainda que a autora da crítica não assistiu, de fato, ao espetáculo. A fada em nenhum momento surge com a pretensão de solucionar a problemática da peça. Muito pelo contrário, ela traz o conflito à tona no momento em que larga na mão do pequeno Thomas a dom de voar e simplesmente vai embora. A função dramática dessa fada é o contrário do que seria, normalmente, a função de uma fada comum, qual seja, ajudar a resolver o problema. E é exatamente por ser uma fada subversiva que se justifica a opção de colocar um ator homem no papel da fada. A fada desta peça não surge para encantar, surge para subverter.
O que parece é que a crítica falou sobre aquilo que ela gostaria de ter visto e não sobre aquilo que ela realmente viu. Se é que viu.
Por fim, fica aqui o meu pedido. O jornal tem todo direito de avaliar e expressar a sua opinião sobre um determinado trabalho, porém, que o faça com profissionais competentes para tanto e sem a necessidade das estrelinhas. Faça a crítica, publique com foto, mas não rotule uma obra com estrelinhas, pois isso é um julgamento subjetivo que muitas vezes não traduz o que de fato é o trabalho. O jornalista pode influenciar diretamente no andamento do mesmo, formando uma opinião muitas vezes errônea ou pautada somente em seu entendimento subjetivo sobre a obra.
outra manifestação sobre a crítica
Sobre a crítica da peça infantil “Pelos Ares”
Esse fim-de-semana, eu levei meus três irmãos menores para assistir “Pelos Ares” no teatro Cacilda Becker a despeito da crítica que eu havia lido na sexta-feira no Guia da Folha. Quando cheguei ao teatro e encontrei meu pai com um dos pequenos na porta ele logo disse: “parece que essa peça não é muito boa”. Pronto, nós adultos já estávamos armados para considerar a peça “regular”, achá-la “sem poesia” e ver em todos os personagens “caricaturas” e “estereótipos”. Gozado, porque eu estou muito acostumada a levar meus irmãos ao teatro infantil e ele costuma ser bem ruim.
É... eu estava certa. “Pelos Ares” é um dos espetáculos mais bonitos que eu já vi. Ele rompe com os estereótipos, ao contrário do que diz a Sra crítica de vocês, ao colocar, por exemplo, uma atriz para fazer o papel do menino Thomas, ou um homem barbudo para assumir o papel da fada. Ali os atores brincam em vários papéis sem se importar com o já aposentado “physique du rôle”. Além disso, ele trata a criança com maturidade, questionando os valores morais da família, o que é raríssimo em qualquer tipo de arte infantil. O cenário enxuto, dá espaço para que as crianças imaginem o entorno – o que é um bom exercício para aqueles que o tempo todo vêem TV, ou mega produções; e o vôo de Thomas Máximo foi muitíssimo bem resolvido através de recurso audiovisual e da marionete que ele manipula. Outra coisa com a qual me surpreendi foi saber que o texto foi escrito por um dos atores da companhia, uma livre adaptação de um romance. Por fim, eu me emocionei como uma criança no final da peça quando Thomas diz - em outras palavras, claro... as minhas são toscas, mas a mensagem é mais ou menos essa – que a vida agora não é perfeita, mas está melhor.
Por tudo isso, eu acho que a Folha cometeu um erro por ter deixado passar uma crítica dessas e deveria mandar outra pessoa mais sensata e menos pudica para assistir o espetáculo. Esse grupo merece uma retratação. Eles fizeram um trabalho primoroso e só receberam uma crítica dessas, creio eu, por causa de conflitos morais ou ideológicos da pessoa que a escreveu.
Grata,
Renata Calmon
Esse fim-de-semana, eu levei meus três irmãos menores para assistir “Pelos Ares” no teatro Cacilda Becker a despeito da crítica que eu havia lido na sexta-feira no Guia da Folha. Quando cheguei ao teatro e encontrei meu pai com um dos pequenos na porta ele logo disse: “parece que essa peça não é muito boa”. Pronto, nós adultos já estávamos armados para considerar a peça “regular”, achá-la “sem poesia” e ver em todos os personagens “caricaturas” e “estereótipos”. Gozado, porque eu estou muito acostumada a levar meus irmãos ao teatro infantil e ele costuma ser bem ruim.
É... eu estava certa. “Pelos Ares” é um dos espetáculos mais bonitos que eu já vi. Ele rompe com os estereótipos, ao contrário do que diz a Sra crítica de vocês, ao colocar, por exemplo, uma atriz para fazer o papel do menino Thomas, ou um homem barbudo para assumir o papel da fada. Ali os atores brincam em vários papéis sem se importar com o já aposentado “physique du rôle”. Além disso, ele trata a criança com maturidade, questionando os valores morais da família, o que é raríssimo em qualquer tipo de arte infantil. O cenário enxuto, dá espaço para que as crianças imaginem o entorno – o que é um bom exercício para aqueles que o tempo todo vêem TV, ou mega produções; e o vôo de Thomas Máximo foi muitíssimo bem resolvido através de recurso audiovisual e da marionete que ele manipula. Outra coisa com a qual me surpreendi foi saber que o texto foi escrito por um dos atores da companhia, uma livre adaptação de um romance. Por fim, eu me emocionei como uma criança no final da peça quando Thomas diz - em outras palavras, claro... as minhas são toscas, mas a mensagem é mais ou menos essa – que a vida agora não é perfeita, mas está melhor.
Por tudo isso, eu acho que a Folha cometeu um erro por ter deixado passar uma crítica dessas e deveria mandar outra pessoa mais sensata e menos pudica para assistir o espetáculo. Esse grupo merece uma retratação. Eles fizeram um trabalho primoroso e só receberam uma crítica dessas, creio eu, por causa de conflitos morais ou ideológicos da pessoa que a escreveu.
Grata,
Renata Calmon
MAIS UMA RESPOSTA (por Fernando Salles)
"Quando somos jovens uma crítica não favorável sempre causa uma certa angústia e um sentimento de injustiça. Como proteção levamos para o lado pessoal e questionamos: quem você pensa que é para me criticar?
Quando nos tornamos adultos (e adultos aqui no sentido emocional) passamos a lidar com as críticas como um sinalizador das nossas ações. Obviamente somos criados para acertar, o que já é um erro, e, portanto, quando isso não ocorre, fica difícil admitir e assumir os nossos próprios erros. Isso precisa de amadurecimento.
Em algumas profissões a crítica é parte do ofício, como no teatro e cinema. Lidar com ela, portanto, é uma necessidade até por uma questão orientadora.
Ocorre que hoje em dia o crítico se tornou um formador de opinião, o que lhe confere um poder maior do que ele realmente possui, ainda mais quando ele, o crítico, sabe disso e passa a gostar desse, digamos, poder de sugestão.
Junte-se a isso o fato de que virou moda ter, além da crítica, a avaliação, aquela história das estrelinhas. Isso passa a ser um julgamento onde o crítico é um César em uma arena ávido a mostrar o seu positivo ou não numa arena cheia de leões.
O ponto aqui não é “criticar” a crítica na sua essência, pelo que ela tem na função real: ser uma análise de um trabalho feito. Partimos do pressuposto que estamos falando de profissionais preparados para fazê-lo. Que têm amor e interesse pela arte que irão avaliar.
O que não se pode aceitar são as críticas feitas por fazer e além disso, pior é quando vem acompanhadas de avaliação com estrelinhas.
Na semana passada, lí uma crítica na folha da Mônica Rodrigues para a peça infantil Pelos Ares, que tem como o tema um menino de 9 anos que recebe como presente de aniversário de uma “fada gorda” o poder de voar. A história é basicamente as consequências que esse pedido causa nas pessoas que convivem com essa criança e demonstra algumas dificuldades de relação.
A crítica de Mônica me chamou a atenção por uma incongruência.Ela usa o espaço para dizer, que na opinião dela, há o uso de clichês e da linguagem caricata na peça. Até aí, tudo bem, mesmo sabendo que em uma peça infantil o uso de clichês e linguagem caricata são recursos que podem ser utilizados e muito bem. É uma opção de direção que pode agradar ou não. No caso de Mônica não agradou, mas ela não explica o porque. Porém, mais adiante, ela questiona o fato da fada da peça não ter poesia e magia. Ora, mais clichê e caricato do que uma fada com poesia e magia, impossível. Aqui começa a incongruência. Criticar o fato de ter clichês, tudo bem, o que não se pode aceitar é essa contradição no texto.
O que piora essa postura é o fato de sua avaliação ter colocado como razoável pautado num pensamento não linear.
Além disso, se não achou a peça tão boa assim, porque será que colocaram com destaque a foto de divulgação com meia página. Seria um prêmio de consolação?
Acho que está mais do que na hora de acabar com essas avaliações dos críticos que podem até acabar com uma peça, com uma produção."
Quando nos tornamos adultos (e adultos aqui no sentido emocional) passamos a lidar com as críticas como um sinalizador das nossas ações. Obviamente somos criados para acertar, o que já é um erro, e, portanto, quando isso não ocorre, fica difícil admitir e assumir os nossos próprios erros. Isso precisa de amadurecimento.
Em algumas profissões a crítica é parte do ofício, como no teatro e cinema. Lidar com ela, portanto, é uma necessidade até por uma questão orientadora.
Ocorre que hoje em dia o crítico se tornou um formador de opinião, o que lhe confere um poder maior do que ele realmente possui, ainda mais quando ele, o crítico, sabe disso e passa a gostar desse, digamos, poder de sugestão.
Junte-se a isso o fato de que virou moda ter, além da crítica, a avaliação, aquela história das estrelinhas. Isso passa a ser um julgamento onde o crítico é um César em uma arena ávido a mostrar o seu positivo ou não numa arena cheia de leões.
O ponto aqui não é “criticar” a crítica na sua essência, pelo que ela tem na função real: ser uma análise de um trabalho feito. Partimos do pressuposto que estamos falando de profissionais preparados para fazê-lo. Que têm amor e interesse pela arte que irão avaliar.
O que não se pode aceitar são as críticas feitas por fazer e além disso, pior é quando vem acompanhadas de avaliação com estrelinhas.
Na semana passada, lí uma crítica na folha da Mônica Rodrigues para a peça infantil Pelos Ares, que tem como o tema um menino de 9 anos que recebe como presente de aniversário de uma “fada gorda” o poder de voar. A história é basicamente as consequências que esse pedido causa nas pessoas que convivem com essa criança e demonstra algumas dificuldades de relação.
A crítica de Mônica me chamou a atenção por uma incongruência.Ela usa o espaço para dizer, que na opinião dela, há o uso de clichês e da linguagem caricata na peça. Até aí, tudo bem, mesmo sabendo que em uma peça infantil o uso de clichês e linguagem caricata são recursos que podem ser utilizados e muito bem. É uma opção de direção que pode agradar ou não. No caso de Mônica não agradou, mas ela não explica o porque. Porém, mais adiante, ela questiona o fato da fada da peça não ter poesia e magia. Ora, mais clichê e caricato do que uma fada com poesia e magia, impossível. Aqui começa a incongruência. Criticar o fato de ter clichês, tudo bem, o que não se pode aceitar é essa contradição no texto.
O que piora essa postura é o fato de sua avaliação ter colocado como razoável pautado num pensamento não linear.
Além disso, se não achou a peça tão boa assim, porque será que colocaram com destaque a foto de divulgação com meia página. Seria um prêmio de consolação?
Acho que está mais do que na hora de acabar com essas avaliações dos críticos que podem até acabar com uma peça, com uma produção."
MAIS RESPOSTA
AOS GUARDIÕES DO TEATRO (INFANTIL) ou CONTRA O BULLYING DA CRÍTICA
Esta semana recebemos uma crítica da senhora Mônica Rodrigues da Costa – enviada da Folha de São Paulo – que assina como crítica deste jornal. Não satisfeita em reduzir nosso trabalho, nos presenteou com leviandade e moralismo, com a cotação –REGULAR.Gostaria de esclarecer aos leitores do jornal e à própria crítica alguns pontos que considero importantes: Fomos condenados por tratar de assuntos relevantes com humor e ironia – assim como foi feito nos tempos idos da idade média, quando a igreja, em plena inquisição, queimou verdadeiras obras e tratados filosóficos sobre a comédia, para bani-la do alcance dos homens, pra que eles não pudessem usufruir de seus benefícios e vivessem em martírio, medo, ignorância e obediência. Fomos condenados por ignorar as “emoções sutis”. Pois eu digo, Mônica, tir e a venda de seus olhos, mulher. Atente-se à percepção sutil das emoções... elas estão todas lá, por exemplo, no encontro do menino com um adulto que mostra a Thomas que os adultos podem escolher viver a vida de forma prazerosa e responsável; na cumplicidade que ele passa a ter com a mãe e na solidariedade que desenvolve pelo pai. Na forma afirmativa com que o menino se coloca diante de seus colegas e professores, em época de bullying em escolas , prédios, condomínios etc... No rito de passagem que ele cumpre, ao longo dessa ficção cheia dos melhores valores. O livro de onde extraímos essa história é um conto contemporâneo de fadas. Fadas são seres que povoam nosso imaginário – seres h� �bridos, com asas e poderes mágicos...Com poder de mudar de aparência e de serem visíveis ou invisíveis... Fadas são encantadoras, menos por suas formas e mais por seu ofício – realizar encantamentos...encantar - v. tr. – 1. Proceder ao encantamento de; 2. Fig. Maravilhar, seduzir, enlevar, agradar muito a. v. pron. – 3. Tomar-se de encanto; 4. Maravilhar-se; 5. Extasiar-se. Não há, portanto, uma forma pré-definida para realizá-la. E mesmo que houvesse, somos artistas pensando nosso mundo e tempo o tempo todo e podemos fazer o teatro que acharmos importante, da forma como acharmos importante. Essa cartilha não nos interessa. Escolhemos, conscientemente, delegar este papel a um ator – Carlos Baldim, aliás, em excelência no papel de FADA GORDA –, e tratá-lo de forma sincera e honesta, para o bem da relação que estabeleceríamos com a plat� �ia – infantil e adulta. E fizemos essa escolha de forma tranqüila, porque afinal de contas, nosso protagonista seria vivido por uma atriz – Paula Arruda – e porque não somos um grupo de artistas moralistas e retrógrados. E porque nosso ofício nos permite sermos homens e mulheres e fadas e ogros... Isso, desde priscas eras no teatro.Mas ainda assim, pergunte às crianças no final do espetáculo, se elas se encantaram pela nossa “fada gorda”. Deixe-as responder. Uma criança de 10 anos, num espetáculo de sábado, a chamou de “fada Dzi Croquette”.Como diretora desse trabalho, não poderia ter ouvido elogio maior.Elogio à loucura, à entrega, à paixão, à arte!A crítica ficou tão aterrorizada pela questão da fada, que esqueceu-se de perceber o universo vasto que envolve esse trabalho, além de nossas escolhas artístico-filosóficas. Nosso imaginário proposto envolve toda uma linguagem de vídeo e eletrônica, com captaç ão de imagens em tempo real e um deliberado golpe de vista que aplicamos na platéia, de forma lúdica e instigante – toda uma discussão sobre o que se vê, o que é real, o que não é – isso talvez ampliasse sua visão sobre a fada... Uma equipe de 3 pessoas – Rafael, Felipe e Paula – operando equipamentos e programas avançados de tecnologia visual.A trilha sonora originalmente composta por Daniel Maia pra este trabalho, que pontua cada personagem, no melhor estilo Sergei Prokofiev, e potencializa poeticamente a trajetória do nosso herói. Os figurinos e cenário de Cássio Brasil, que dimensionam humanamente cada personagem dessa história, aproximando-os do universo do público. A iluminação desenhada por Vinícius de Andrade, nos coloca nos ambientes emocionais desse universo.A poesia está em tudo isso! Na inteligência com que o público sorve nosso espetáculo. Tudo isso É POESIA! Tudo isso, esta crítica desprezou. Tudo isso é um trabalho que ela considerou REGULAR.
Esta semana recebemos uma crítica da senhora Mônica Rodrigues da Costa – enviada da Folha de São Paulo – que assina como crítica deste jornal. Não satisfeita em reduzir nosso trabalho, nos presenteou com leviandade e moralismo, com a cotação –REGULAR.Gostaria de esclarecer aos leitores do jornal e à própria crítica alguns pontos que considero importantes: Fomos condenados por tratar de assuntos relevantes com humor e ironia – assim como foi feito nos tempos idos da idade média, quando a igreja, em plena inquisição, queimou verdadeiras obras e tratados filosóficos sobre a comédia, para bani-la do alcance dos homens, pra que eles não pudessem usufruir de seus benefícios e vivessem em martírio, medo, ignorância e obediência. Fomos condenados por ignorar as “emoções sutis”. Pois eu digo, Mônica, tir e a venda de seus olhos, mulher. Atente-se à percepção sutil das emoções... elas estão todas lá, por exemplo, no encontro do menino com um adulto que mostra a Thomas que os adultos podem escolher viver a vida de forma prazerosa e responsável; na cumplicidade que ele passa a ter com a mãe e na solidariedade que desenvolve pelo pai. Na forma afirmativa com que o menino se coloca diante de seus colegas e professores, em época de bullying em escolas , prédios, condomínios etc... No rito de passagem que ele cumpre, ao longo dessa ficção cheia dos melhores valores. O livro de onde extraímos essa história é um conto contemporâneo de fadas. Fadas são seres que povoam nosso imaginário – seres h� �bridos, com asas e poderes mágicos...Com poder de mudar de aparência e de serem visíveis ou invisíveis... Fadas são encantadoras, menos por suas formas e mais por seu ofício – realizar encantamentos...encantar - v. tr. – 1. Proceder ao encantamento de; 2. Fig. Maravilhar, seduzir, enlevar, agradar muito a. v. pron. – 3. Tomar-se de encanto; 4. Maravilhar-se; 5. Extasiar-se. Não há, portanto, uma forma pré-definida para realizá-la. E mesmo que houvesse, somos artistas pensando nosso mundo e tempo o tempo todo e podemos fazer o teatro que acharmos importante, da forma como acharmos importante. Essa cartilha não nos interessa. Escolhemos, conscientemente, delegar este papel a um ator – Carlos Baldim, aliás, em excelência no papel de FADA GORDA –, e tratá-lo de forma sincera e honesta, para o bem da relação que estabeleceríamos com a plat� �ia – infantil e adulta. E fizemos essa escolha de forma tranqüila, porque afinal de contas, nosso protagonista seria vivido por uma atriz – Paula Arruda – e porque não somos um grupo de artistas moralistas e retrógrados. E porque nosso ofício nos permite sermos homens e mulheres e fadas e ogros... Isso, desde priscas eras no teatro.Mas ainda assim, pergunte às crianças no final do espetáculo, se elas se encantaram pela nossa “fada gorda”. Deixe-as responder. Uma criança de 10 anos, num espetáculo de sábado, a chamou de “fada Dzi Croquette”.Como diretora desse trabalho, não poderia ter ouvido elogio maior.Elogio à loucura, à entrega, à paixão, à arte!A crítica ficou tão aterrorizada pela questão da fada, que esqueceu-se de perceber o universo vasto que envolve esse trabalho, além de nossas escolhas artístico-filosóficas. Nosso imaginário proposto envolve toda uma linguagem de vídeo e eletrônica, com captaç ão de imagens em tempo real e um deliberado golpe de vista que aplicamos na platéia, de forma lúdica e instigante – toda uma discussão sobre o que se vê, o que é real, o que não é – isso talvez ampliasse sua visão sobre a fada... Uma equipe de 3 pessoas – Rafael, Felipe e Paula – operando equipamentos e programas avançados de tecnologia visual.A trilha sonora originalmente composta por Daniel Maia pra este trabalho, que pontua cada personagem, no melhor estilo Sergei Prokofiev, e potencializa poeticamente a trajetória do nosso herói. Os figurinos e cenário de Cássio Brasil, que dimensionam humanamente cada personagem dessa história, aproximando-os do universo do público. A iluminação desenhada por Vinícius de Andrade, nos coloca nos ambientes emocionais desse universo.A poesia está em tudo isso! Na inteligência com que o público sorve nosso espetáculo. Tudo isso É POESIA! Tudo isso, esta crítica desprezou. Tudo isso é um trabalho que ela considerou REGULAR.
Sobre a crítica da Folha
Na semana passada, lí uma crítica da Mônica Rodrigues para a peça infantil Pelos Ares. A crítica me chamou a atenção por sua incongruência. Na sua opinião, há o uso de clichês e da linguagem caricata na peça. Esses são recursos que podem ser utilizados e muito bem. É uma opção de direção que pode agradar ou não. No caso de Mônica não agradou, mas ela não explica o porque. Além disso, mais adiante, ela se contradiz quando questiona o fato da fada da peça não ter encanto e poesia. Ora, mais clichê e caricato do que esperar isso, é impossível. A sua avaliação, apesar da incongruência, foi de que a peça é "Regular". Eu vi e achei ÓTIMA!
Acho que está mais do que na hora de acabar com essas avaliações com "estrelinhas" pois delegam aos críticos um poder que eles não possuem.
Fernando Salles
42 anos
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Acho que está mais do que na hora de acabar com essas avaliações com "estrelinhas" pois delegam aos críticos um poder que eles não possuem.
Fernando Salles
42 anos
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domingo, 1 de agosto de 2010
crítica GUIA DA FOLHA
Guia da Folha 30 de julho a 5 de agosto.
A crítica Monica Rodrigues da Costa publicou uma crítica do nosso infantil dando cotação regular.
Abaixo nossa resposta:
O que é estereótipo de fada para você? Uma linda menina loira com belos atributos físicos, fala calma e suave, dotada do mais puro linguajar poético ou, um homem vestido de mulher, com a perna peluda que fala grosso e não tem medo de ser engraçado e sincero? A pergunta se auto-responde, não é? Ou você realmente acha um clichê enfraquecedor um homem vestido de mulher, e porquê? Curioso também seria achar a forma que Carlos Baldim faz a fada (Ator que interpreta a fada no espetáuclo Pelos Ares) estereotipada... Porquê? Em nenhum momento ele apela pra maneirismos, que, erroneamente, poderiam sugerir (às cabeças mais conservadoras, acrescento) alusões ao homossexualismo. E se apelasse, porque enfraqueceria sua mensagem? Em épocas de paradas gay rodando o mundo aos olhos atentos dos filhos daqueles que desfilam, não me atrevo nem a responder essa pergunta.
Aliás, como artista nunca busquei responder e dizer o que deve ser feito, pelo contrário, formulamos sempre mais perguntas, e, talvez, elas se dispersem mesmo, porque também a mim me faltam respostas. E, acredito, que o verdadeiro teatro (infantil inclusive) suscite discussões e não pensamentos fechados daquilo que eu acho que possa ser o mundo. Essas questões são, aliás, as dúvidas do personagem Thomas Máximo (Interpretado, sem ser questionado como foi a fada por um homem, pela atriz Paula Arruda), sendo que a interpretação da personagem é feita de forma realista e sem maneirismos cênicos ao contrário de como são interpretadas a maioria das outras personagens feitas pelos outros atores (altamente teatrais e cômicas por opção).
Eu citaria três ou quatro momentos em que emoções sutis são valorizadas, mas vou me ater ao fato de que faço uma comédia!!! E, me causa espanto ouvir que uma comédia exagera na comédia dispersando assim, sua mensagem! (Aliás, nem acho a peça tão engraçada assim, obrigado). Curioso pensar que aprendi sozinho que a comédia faz pensar. Uma boa bibliografia para quem ainda não acredita no poder reflexivo da comédia talvez seja um François Rabelais anarquico e humanista que, me ensinou que, um jovem bobão chamado Pantagruel derrotava exércitos com um peido.
Tudo bem, talvez seja melhor tapar olhos e ouvidos das nossas crianças mesmo. O mundo pode ser um lugar muito medonho. Mas, pasmem! Pode ser um lugar maravilhoso também! E, leitores, é sobre isso que trata a minha peça. Sobre “aceitar a dor e a delícia de ser o que é”. Eu pretendo, para mim e para as crianças que me assistem, um olhar sem estereótipos sobre o mundo, apesar disso soar como um clichê. E você? Quer ser livre e voar com a gente? Ah, na nossa viagem, também é permitido rir e falar muitas besteiras!
A crítica Monica Rodrigues da Costa publicou uma crítica do nosso infantil dando cotação regular.
Abaixo nossa resposta:
O que é estereótipo de fada para você? Uma linda menina loira com belos atributos físicos, fala calma e suave, dotada do mais puro linguajar poético ou, um homem vestido de mulher, com a perna peluda que fala grosso e não tem medo de ser engraçado e sincero? A pergunta se auto-responde, não é? Ou você realmente acha um clichê enfraquecedor um homem vestido de mulher, e porquê? Curioso também seria achar a forma que Carlos Baldim faz a fada (Ator que interpreta a fada no espetáuclo Pelos Ares) estereotipada... Porquê? Em nenhum momento ele apela pra maneirismos, que, erroneamente, poderiam sugerir (às cabeças mais conservadoras, acrescento) alusões ao homossexualismo. E se apelasse, porque enfraqueceria sua mensagem? Em épocas de paradas gay rodando o mundo aos olhos atentos dos filhos daqueles que desfilam, não me atrevo nem a responder essa pergunta.
Aliás, como artista nunca busquei responder e dizer o que deve ser feito, pelo contrário, formulamos sempre mais perguntas, e, talvez, elas se dispersem mesmo, porque também a mim me faltam respostas. E, acredito, que o verdadeiro teatro (infantil inclusive) suscite discussões e não pensamentos fechados daquilo que eu acho que possa ser o mundo. Essas questões são, aliás, as dúvidas do personagem Thomas Máximo (Interpretado, sem ser questionado como foi a fada por um homem, pela atriz Paula Arruda), sendo que a interpretação da personagem é feita de forma realista e sem maneirismos cênicos ao contrário de como são interpretadas a maioria das outras personagens feitas pelos outros atores (altamente teatrais e cômicas por opção).
Eu citaria três ou quatro momentos em que emoções sutis são valorizadas, mas vou me ater ao fato de que faço uma comédia!!! E, me causa espanto ouvir que uma comédia exagera na comédia dispersando assim, sua mensagem! (Aliás, nem acho a peça tão engraçada assim, obrigado). Curioso pensar que aprendi sozinho que a comédia faz pensar. Uma boa bibliografia para quem ainda não acredita no poder reflexivo da comédia talvez seja um François Rabelais anarquico e humanista que, me ensinou que, um jovem bobão chamado Pantagruel derrotava exércitos com um peido.
Tudo bem, talvez seja melhor tapar olhos e ouvidos das nossas crianças mesmo. O mundo pode ser um lugar muito medonho. Mas, pasmem! Pode ser um lugar maravilhoso também! E, leitores, é sobre isso que trata a minha peça. Sobre “aceitar a dor e a delícia de ser o que é”. Eu pretendo, para mim e para as crianças que me assistem, um olhar sem estereótipos sobre o mundo, apesar disso soar como um clichê. E você? Quer ser livre e voar com a gente? Ah, na nossa viagem, também é permitido rir e falar muitas besteiras!
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